20 janeiro, 2010

Pra mulher mais bonita que eu não conheço

A cada dia fico mais estranho, sei disso porque minhas saudades estão ficando completamente desequilibradas, não se agrupam mais em uma sequência lógica e temporal.

Não são mais aquelas lembranças antigas e embotadas, cheias de peso do tempo e da poeira nojenta das coisas bonitas que terminam e que conseguimos deixar apodrecer. O que tenho agora, nesse meu fundo de poço, são recordações completamente novas, brilhantes e modernas de várias coisas que ainda não tive.

Sinto dentro do meu estômago essa saudade filha da puta do teu cheiro e de todas as tuas texturas. Lembro de sugar a tua lingua, de roçar o teu pescoço com meu nariz, de sorver tua saliva e respirar teu hálito diretamente da fonte, coisas que nunca fiz. Tenho uma nostalgia familiar e confortável ao ouvir pela primeira vez uma musica ao ritmo de la lluvia sobre las capotas.

Percebo que estou tendo ciúmes de homens que nunca vi e que, provavelmente, jamais conhecerei. Tenho orgulho de uma vida que ainda não compartilhei e percebo que penso em passeios por calçadas desconhecidas de paises distantes, tomando cerveja com pessoas que nunca vi, falando sobre assuntos que desconheço.

Então te fodo mentalmente e tudo começa de novo, e é uma foda tão presente que parece sempre aconteceu, desde o inicio dos tempos. Uma trepada tão antiga e constante que nos mantêm virgens.

Mas tudo isso é somente a luz das possibilidades clareando o tempo escuro das minhas saudades. E um sentimento muito bom voltando a me rodear sob a forma da mulher mais bonita que eu não conheço.

Estou imbecil e idiota, e preciso te agradecer por isso.