28 novembro, 2006

Já volto...

Ainda com os lábios colados na boca de nando ela perscruta a boate inteira com aqueles olhos apertados que fazem marmanjos chorar. Nesse rápido movimento ela consegue filtrar a maioria das pessoas que a interessam. Alguns a atraem pela beleza, outros pelo jeito de se moverem e outros ela nem sabe por que. Todos fazem parte da mesma massa humana que ela precisa seduzir, que precisa sugar. Ninguém tem nada em particular que a interesse, todos são apenas reflexos de sua própria pessoa, seu alimento gordo de todas as noites.

Ela ficava intrigada em como a aparência de independência, que a promiscuidade assumida concede, é capaz de seduzir tão intensamente e tão prontamente todo o tipo de pessoa. A promiscuidade era um ponto de honra para ela, uma questão resolvida. Sempre tinha se indignado com aquela postura ridícula, desnecessária e hipócrita que, para ela, vinha direto do cristianismo, a insuportável monogamia.

Ela sentia que assumia sua humanidade na promiscuidade, sabia que todos eram assim, não via sentido em negar tal impulso. O defeito em tudo e todos é simplesmente a mentira. As pessoas não traem porque trepam com outras, mas sim porque prometeram que nunca iriam fazê-lo.

Depois de todas as revoluções que sua língua fez na boca de nando ela afasta o rosto e o olha fixamente. Dá um sorriso e se afasta com um "já volto" em direção ao bar. Ele ainda tenta pensar que ela irá apenas buscar outra bebida, mas os dois sabem que ela não irá voltar.

Um comentário:

Iuri Fernandes disse...

tá certo...