22 novembro, 2013

E foi assim, entre um almoço executivo e um programa grã fino que a burguesia o atacou, converteu-o em um homem de família, calmo e afável, com grande valor social e insípido culturalmente. Foi só quando desistiu, quando parou de se debater e afundou convertendo-se na massa antes ojerizada, que a palavra que nascia dele morreu.

04 setembro, 2013

Carta pra Lua


Por favor coloque a música anexa para ela escutar.
Conte pra nega que meu coração dói e que choro de saudade pensando nela em cada sílaba de cada palavra de cada estrofe dessa música. Uma saudade dolorida e boa ao mesmo tempo, daquelas que vem junto com a certeza de que sempre a sentirei pois significa que nunca estaremos afastados realmente, por mais terras e oceanos que insistirem em se meter entre a gente.

Diga também que meu coração nunca deixará de bater no compasso do dela e que, toda vez que tenho que desenrolar seus braços para devolvê-la, minha verdadeira vontade é de agarrar na perna dela tal qual faz na minha, e nunca, nunca, nunca mais soltar.

Fale que cada coisa que ela me dá, que cada rabisco que faz toma tamanho de tesouro e que carrego pra sempre dentro do peito.

Leia a carta pra ela mesmo que ela não entenda, pois entendimentos são pequenos pra enormidade que a vida adquire quando estou com ela.

Por toda terra que passo
Me espanta tudo que vejo
A morte tece seu fio
De vida feita ao avesso
O olhar que prende anda solto
O olhar que solta anda preso
Mas quando eu chego eu me enredo
Nas tranças do teu desejo

O mundo todo marcado a ferro
A fogo e desprezo
A vida é o fio do tempo
A morte é o fim do novelo
O olhar que assusta anda morto
O olhar que avisa anda aceso
Mas quando eu chego eu me perco
Nas tramas do teu segredo

Ê Minas, ê Minas
É hora de partir, eu vou
Vou-me embora pra bem longe
Ê Minas, ê Minas
É hora de partir, eu vou
Vou-me embora pra bem longe

A cera da vela queimando
O homem fazendo seu preço
A morte que a vida anda armando
A vida que a morte anda tendo
O olhar mais fraco anda afoito
O olhar mais forte, indefeso
Mas quando eu chego, eu me enrosco
Nas cordas do seu cabelo

20 junho, 2013

O quarto

Antoine acordou assustado, confuso por não conseguir enxergar.  Ficou um tempo deitado de costas tentando entender o que estava acontecendo.  O lençol arrancado na noite de sono violento estava enrolado em sua perna esquerda. Sua cabeça avisa que não era para estar escuro, alguma coisa tinha acontecido. Será que tinha acordado muito cedo e ainda era noite? Será que estava mesmo em sua casa? Perguntas que fez para seu leito do qual não obteve resposta. Sua pulsação começara a acelerar e, mesmo com o tempo passado, em nada o breu se dissipara. Não ouvia nenhum ruido vindo da rua. Onde estariam os carros, os ônibus matutinos, os bebados voltando pra casa e os trabalhadores para o serviço? Por onde andava aquele fervilhar urbano que o acordava todos os dias?


Antoine estava imerso no escuro e silêncio, sozinho com seus pensamentos. Chegou a cogitar se ainda estaria dormindo e que tudo aquilo não passasse de um sonho. Sentia uma opressão enorme comprimindo seu peito, uma tristeza imensa.


Começou  a pensar que a depressão era o estado natural do homem, afinal era só ter um pouco de senso crítico para perceber que nada valia a pena, tudo não passava de uma falsa sensação de importância em um mundo que nunca notaria a existência individual de cada um. Imaginou que o otimismo e felicidade eram proporcionados por alguma substância química liberada por alguma parte do corpo e que causava um entorpecimento das noções de realidade, mascarando tudo e tornando as coisas mais suportáveis. Ia além, imaginava essa substância como algo finito, assim como os óvulos femininos que nascem em uma determinada quantidade e são só aqueles durante a vida toda. Por isso teríamos uma felicidade maior nos anos mais novos e conforme avançamos na idade, a depressão começa a cobrar o seu espaço.


Antoine tinha total noção da insignificância de tudo, aquela sensação imensa de vazio que sentia no quarto escuro e silencioso ilustrava bem sua posição atual na vida. Não sabia por que levantar, para que sair daquela cama ou quarto.


-Foda-se, quero pelo menos descobrir o porquê dessa escuridão e silêncio.

Somente ao colidir com uma parede que não deveria existir quando tentou se levantar pelo lado contumáz que percebeu, Antoine não estava em seu quarto.

12 junho, 2013

Valeu Tio

- Valeu Tio.

A adolescente ainda estica o dedão para o céu antes de entrar no bar levando de carona o cigarro que acabei de acender.

- Tio é o seu cú - respondo imediatamente mas não tenho certeza de que ela chegou a escutar antes de entrar na porta abarrotada de jovens à qual ainda resolvi não enfrentar.

Você ouviu o que ela disse? - viro-me para minha namorada mas percebo que não está mais do meu lado, conversa animadamente com dois sujeitos da idade dela, um tem cara de estrangeiro e não me parece que está falando nossa língua. Escoro na lixeira metálica verde do meu lado e bebo o resto da lata de cerveja. Olho em volta e só tem um grupo de rapazes discutindo religião na minha frente, não vou me meter, acendo um cigarro e vou atrás de algo para beber. Olho para dentro do bar e não crio coragem, muita gente se atropelando na porta e mais uma fila enorme do lado de fora. Minha namorada continua conversando empolgada, resolvo andar até a loja de conveniência que não fica muito distante de onde estamos.

Passo por vários grupinhos que estão fumando maconha. Um dos adolescentes de um desses grupos me pede um cigarro, acendo e entrego a ele em troca de um pouco da vodka vagabunda que eles estão bebendo, dou um gole grande que me queima um pouco por dentro, alivio acendendo mais um cigarro.

Peço três latas de cerveja e um maço de cigarros, o rapaz da conveniência me atende antes dos outros moleques que se empurram pela janela da loja, nessa hora ser mais velho me ajuda um pouco.

Volto e minha namorada já não está mais conversando com os dois sujeitos, agora está com um grupo de duas meninas e um garoto. Quando chego abraçando-a por trás (instinto machista de demonstrar posse) vejo que uma das garotas é a menina que me chamou de tio. O assunto da roda é aventuras sexuais, fico mais a vontade e ofereço uma ceveja pra minha namorada e outra ao grupo. Minha namorada fala jogando os braços compridos dela para todos os lados, vejo que está tentando impressionar mas ainda não identifiquei quem, pode ser qualquer um do grupo ou de fora dele. Gosto de ouvi-la contando vantagem, enquanto todos usam histórias rápidas ela se extende em epopéias intermináveis. Ela sabe do que está falando, conta sobre suas peripécias com outras garotas, não me intrometo. Percebo que o único que está um pouco incomodado do grupo é o rapaz, deve ser menos experiente e fica calado. Eu também não falo nada mas por outro motivo, nesse assunto é melhor deixar as coisas correrem por conta própria, o que quer que diga vai atrapalhar a conversa, e isso eu não quero. Mesmo que minha namorada não esteja chamando o rapaz para a conversa percebo, por experiência, que é a ele quem está tentando impressionar, não posso censurá-la, até que o rapaz é bonito.

Confesso que, ao ouví-las falando sobre essas putarias todas acabo pensando em um menáge, mas essas coisas quem define é minha namorada, não vou me intrometer. Termino minha cerveja e resolvo enfrentar a multidão do bar, o grupo decide entrar também e vão na frente. Escuto alguns fragmentos da conversa de minha namorada com a menina-tio que demonstram que estão marcando alguma coisa pra mais tarde. Sorrio e pego forte na bunda de minha namorada que está com um short apertado, passo pelos dois rapazes com quem estava conversando e eles nos seguem com os olhos. Tio é o seu cú.

09 maio, 2013

solicitação

Vamos combinar o seguinte: some da minha vida!
Só apareça quando não mais achar que faz mais por mim do que eu por você.

Te espero ansioso no elevador o tempo que for necessário.

04 abril, 2013

O espaço entre a pedra e o chão


Só a beira, era o tanto de olho que eu deixava pro lado da pedra. Medrei depois que Jão disse que podia ser visto de longe caso meu metal se alumiasse. Não mais esticava o pescoço, que melhor me deixava ver. Mesmo com o ponto distante, de forma que não identificava nem braço nem perna nem cabeça, eu me protegia. Talvez meu chapéu apontasse na parte de cima da pedra mas, como eram tudo da mesma cor de sujeira, imagino que não daria alarme. Além do mais não ia deixar minha cabeça queimando de sol, tava muito forte de quente. Voltei a me escorar com as costas na pedra fervente, não tinha sombra no sol do meio dia, meu suor escorria e colava a pele na roupa. Meu chapéu acabou ficando um pouco levantado nessa posição, espremido entra a pedra e a nuca. Lembro do gosto salgado do suor pra dentro da boca, tinha água mas não sede apesar de estar queimando por dentro. Enquanto o ponto ainda era ponto lembrei da minha terra não muito distante, nuca fui pra muito longe, nem o que era de longe se aproximou muito de mim. Sou daqui, não da pedra, mas de perto. O distante e diferente me mareavam, mesmo sem mar. Agora cá me penso, já estou sem mijar há mais de um dia, cagar nem pensar. Isso não seria problema, faço no canto da pedra e me limpo jogando areia no cu, como sempre. Mas não faço essas coisas. Não faço por agora, tenho que resolver o caso do ponto, que ainda é ponto pois não teve tempo de se transformar em outra coisa, não ainda. Pelo menos eu acho. Quando penso muito me encho de dúvidas, e isso me desespera. Quando foi que eu dei a última espiada? Agora? Faz tempo? não lembro mais. Volto a meter o olho pelo lado da pedra. Não, é ainda um ponto. Não está muito diferente da outra vez, é no que percebo que não tinha espiado faz muito. Ou não, o ponto pode estar parado, querendo ser sempre ponto pra não ser outra coisa. Será que ele sabe que se ele for outra coisa eu dou um jeito nele? Será que ele atinou no vulto do meu chapéu? Será que de ponto, com regresso resolvido, sumirá? Isso não poderia ser, por ser muito terrível. Já foi fechado o assunto com meu patrão de agora, nunca descumpri o que selei com palavra. Minha língua sempre foi bem usada, não muito, mas quando sim, era verdade. Lembrei agora que estou sem comer também, talvez por isso não me tenha ido aos pés. Mas isso é bom, só que agora com o lembramento, a fome me veio. Mascava uma casca de árvore, a terceira já, mas o estômago pedia carne. Lembrei do naco que deixei no alforje, embora já devesse estar podre. Masquei um pouco, estava dura e soltava uma espécie de areia, mas o gosto não era tão ruim e quando a saliva entrava na carne, voltava como um caldo saboroso, embora forte, entre meus dentes faltantes. Dei um gole de cana, agua ainda não me faz falta. Respiro um pouco e olho pro vazio do céu. Será que ele sumiu, ou vem mais pra perto do destino que, nesse caso, se transveste de mim? Não gosto de pensar, tanto que vou a igreja. Lá o pastor me ensina no berro “tudo que há de ser, será”. Se espio, meu chapéu aponta, mas se não, me perco o negócio. Espio ou não? No resolvimento, espio. O ponto já criou braços, vem a ter comigo. Fico tranquilo e não mais me esgueiro na pedra escaldante, fico firme e quieto. Manejo meu ferro devagar, é quente no sol do meio dia, machuca a mão. Há de ficar pior, o sol não se compara a pólvora que vou queimar. Me vem de novo o medo do brilho do metal, Jão filho da puta. Não gosto de pensar. Faço mira e suo, sei os dois muito bem, por isso aqui me tenho. Ele não deve ter escutado o barulho, nem eu escuto o dele, foi um desabar silencioso, pelo menos na distancia. Pronto, já não tem mais ponto, já não tem mais perna, já não tem mais braço, agora é só chão.

21 março, 2013

A safada da janela


Não sei seu nome, aliás não sei quase nada de sua vida, apenas duas coisas: que mora em um apartamento que fica mais ou menos no meio do prédio em frente ao meu e que ela determina a rotina de muitos homens, rapazes e algumas mulheres dos prédios em volta, assim como a minha. Como sei? Por mim e pelos barulhos e silhuetas que escuto e vejo nas janelas em volta toda manhã.

Imagino que alguns solteiros possam ser indiscretos e mantenham as janelas escancaradas ficando em pé, sem nada a esconder ou medo de serem vistos enquanto observam. Não é meu caso, sou casado e não posso cometer essas explicitudes, creio que muitos assim o sejam. Sei que todos levantamos mais cedo do que precisamos só para observá-la.

O celular vibra, acordo em silêncio, não acendo a luz para não despertar minha esposa, saio devagar da cama e vou pra janela. Tenho um ótimo ponto de observação, meio pra cima e reto em frente ao seu apartamento. Escuto sussurros, pigarros e outros sons que indicam que não sou o único já acordado fazendo parte daquela platéia.

A janela em seu quarto tem cortinas brancas completamente transparentes e que hoje estão abertas. Nessa manhã ela veste um short jeans minúsculo, o meu preferido, e uma blusa branca branca rasgada nas mangas e cintura. Consigo entrever os mamilos através do espaço aberto pela manga ausente enquanto levanta o braço para regar as plantas com um copo. Os seios nus acompanham-na em uma dança com alguma música que não consigo ouvir.

Momentaneamente ela some, imagino que tenha ido tomar banho e penso na vida feliz das esponjas. Minha esposa emite um pequeno suspiro e vira de lado na cama, felizmente sem despertar.

Depois de pouco tempo a vizinha retorna envolta em uma toalha, como sempre. Pega o vestido, levanta-o esticando os braços e, em um movimento único, deixa-o escorregar pelo seu corpo enquanto a toalha cai. É por esse espaço entre o vestido e a toalha percorrendo seu corpo nu que todos esperamos, essa janela dentro de outra.  Sinto os olhos do meu prédio colados naquela vidraça. Ela sabe disso, faz o show porque nos excitar a excita.  Nossos olhos se cruzam quando olha pelos prédios em volta para conferir o sucesso de seu espetáculo. É quando abre um sorriso, vira o corpo e sai pela porta afora, sinto os aplausos mesmo que não existam.

Ela sabe que gostamos de observar.

Minha esposa desperta quando sento de volta na cama.
- Já acordado?
- Estava olhando você dormir - digo enquanto enfio minha mão entre suas pernas.

19 março, 2013

o ato de não agir



Não posso descrever como veneno,
não o é por não ser algo que se administra,
mas dói igual
é como se fosse vida que, de ausência, mata
assim que é
a cada dia que passa,
o tempo puxando as vísceras
me enchendo com o vazio deixado
pelo teu silêncio

14 março, 2013

Licantropia


Eu tento, eu juro que tento. Todo dia aumento os sulcos do tampo de madeira de minha mesa arranhando-a com a ponta de minha pena. Tento, dessa forma, afastá-la do papel e digo a mim mesmo, como uma espécie de oração ou solicitação de clemência, que não vou te escrever, que não existe dica mais clara para deixar-te em paz que tua ausência.

Não consegui. Essa merda de barulho ensurdecedor que só as coisas caladas fazem não me deixa em paz e empurra a tinta pro papel. Como meu peito me obriga a ver as coisas de determinada forma, minha vista fica nua de razão e acabo por entender tudo como conivência, até o silencio, por mais escrachado que seja o desprezo.

Agora te peço, sob o apelo até de misericórdia, um golpe final e eu retorno a minha quotidiana mediocridade. Puta que o pariu sua filha de uma puta, responda-me essa porra de carta nem que seja para me mandares à merda, caralho!

13 março, 2013

12 março, 2013

parado e empurrado

Passeio, no momento, em uma esteira rolante infinita
essa esteira percorre ruelas bem estreitas onde mal cabe a largura de meus ombros
meus braços quase roçam as gigantes vitrines que cercam essas vias
a vida acontece la dentro, protegida de mim por uma camada intransponível de vidro.
Quando vejo algo interessante, algo que me faria esmurrar e quebrar o isolamento, é tarde. Olho ainda para trás mas percebo que estou velho e a esteira já me carregou para longe,
então volto a olhar pra frente, resignado a ser conduzido

Estou desesperadamente desinteressado de tudo.

26 fevereiro, 2013

do movimento... que não houve.




E foi então que tudo terminou antes mesmo de ter começado e a mediocridade retoma seu rumo, inabalável, tentando não mudar nada de lugar nem pessoas de cidade, assim somos pois dessa forma nos acostumamos. A aparência enjoa e o movimento cansa, então gritamos desesperadamente com as bundas coladas em nossas cadeiras acolchoadas, nos agitamos tentando caminhar com os pés pregados ao solo, então corremos, pulamos e dançamos para permanecer majestosa, empertigada, doente e frenéticamente,... parados.

21 janeiro, 2013

Pesadelos e água gelada

Jairo acordou suado, ainda estava confuso tentando separar o que era sonho de realidade. Pensava se era verdade que tinha matado alguém a pedido de Laura ou se era realmente somente um pesadelo como a ausência de lembrança de tal crime assim apontava. Sua mente estava confusa, sentia que os parentes iriam sentir falta da vítima e não sabia onde Laura a havia enterrado apesar de tê-la ouvido falar que ninguém nunca encontraria o corpo. Sua mente sabia que a policia não pararia de procurá-lo e assim sua liberdade estaria ameaçada. Sim, ele sabia que essa conversa com Laura era sonho, sabia que todo esse raciocínio tinha sido um sonho, o que o estava agoniando e que não conseguia descobrir se o assassinato também o era.

A sensação não o largava enquanto olhava em volta tentando encontrar alguma pista de onde estava. Havia alguém mais no quarto, disso tinha certeza pois escutava a respiração. O breu do aposento não o permitia enxergar um palmo adiante do nariz. Tateou em volta e encontrou uma bunda, apertou-a e escutou um gemido junto com uma rebolada de consentimento. Devia ser Laura, pensou Jairo enquanto aproveitava para acariciá-la mais intimamente. Começou a masturbá-la sem contudo perder a sensação estranha de perigo. Permaneceu sentado no escuro compenetrado enquanto a mão fazia os movimentos ritmados acompanhados pelos gemidos femininos que Jairo imaginava que fossem de Laura.

Parou com as carícias para ir pegar água, Laura reclamou. Foi até a geladeira sem acender a luz, andou arrastando os pés para não pisar em cima de nada pois o chão estava coberto de coisas jogadas. Chutou copo cheio de cinzas e bitucas de cigarro e praguejou. Tomou a água direto da garrafa, agradeceu a si mesmo por ter se lembrado de enchê-la antes de dormir, seu estômago estava pegando fogo, a aǵua gelada desceu aliviando um pouco a sensação.

Sua cabeça rodopiava um pouco, não sabia se era a cerveja, o whisky ou a cachaça da noite anterior que fodêra seu estômago, apertou a barriga e se apoiou na geladeira. Imaginou que Laura, se é que era ela, deveria ter voltado a dormir.

Pensou mais uma vez no assassinato mas não havia como resolver o mistério, não sabia se tinha matado alguém ou não. voltou para a cama pisando as bitucas e cinza espalhadas. Deitou no colchão com os pés sujos mesmo, afastou a calcinha de quem ele achava ser Laura e a fodeu até esquecer o sonho. Voltou a dormir.