12 junho, 2013

Valeu Tio

- Valeu Tio.

A adolescente ainda estica o dedão para o céu antes de entrar no bar levando de carona o cigarro que acabei de acender.

- Tio é o seu cú - respondo imediatamente mas não tenho certeza de que ela chegou a escutar antes de entrar na porta abarrotada de jovens à qual ainda resolvi não enfrentar.

Você ouviu o que ela disse? - viro-me para minha namorada mas percebo que não está mais do meu lado, conversa animadamente com dois sujeitos da idade dela, um tem cara de estrangeiro e não me parece que está falando nossa língua. Escoro na lixeira metálica verde do meu lado e bebo o resto da lata de cerveja. Olho em volta e só tem um grupo de rapazes discutindo religião na minha frente, não vou me meter, acendo um cigarro e vou atrás de algo para beber. Olho para dentro do bar e não crio coragem, muita gente se atropelando na porta e mais uma fila enorme do lado de fora. Minha namorada continua conversando empolgada, resolvo andar até a loja de conveniência que não fica muito distante de onde estamos.

Passo por vários grupinhos que estão fumando maconha. Um dos adolescentes de um desses grupos me pede um cigarro, acendo e entrego a ele em troca de um pouco da vodka vagabunda que eles estão bebendo, dou um gole grande que me queima um pouco por dentro, alivio acendendo mais um cigarro.

Peço três latas de cerveja e um maço de cigarros, o rapaz da conveniência me atende antes dos outros moleques que se empurram pela janela da loja, nessa hora ser mais velho me ajuda um pouco.

Volto e minha namorada já não está mais conversando com os dois sujeitos, agora está com um grupo de duas meninas e um garoto. Quando chego abraçando-a por trás (instinto machista de demonstrar posse) vejo que uma das garotas é a menina que me chamou de tio. O assunto da roda é aventuras sexuais, fico mais a vontade e ofereço uma ceveja pra minha namorada e outra ao grupo. Minha namorada fala jogando os braços compridos dela para todos os lados, vejo que está tentando impressionar mas ainda não identifiquei quem, pode ser qualquer um do grupo ou de fora dele. Gosto de ouvi-la contando vantagem, enquanto todos usam histórias rápidas ela se extende em epopéias intermináveis. Ela sabe do que está falando, conta sobre suas peripécias com outras garotas, não me intrometo. Percebo que o único que está um pouco incomodado do grupo é o rapaz, deve ser menos experiente e fica calado. Eu também não falo nada mas por outro motivo, nesse assunto é melhor deixar as coisas correrem por conta própria, o que quer que diga vai atrapalhar a conversa, e isso eu não quero. Mesmo que minha namorada não esteja chamando o rapaz para a conversa percebo, por experiência, que é a ele quem está tentando impressionar, não posso censurá-la, até que o rapaz é bonito.

Confesso que, ao ouví-las falando sobre essas putarias todas acabo pensando em um menáge, mas essas coisas quem define é minha namorada, não vou me intrometer. Termino minha cerveja e resolvo enfrentar a multidão do bar, o grupo decide entrar também e vão na frente. Escuto alguns fragmentos da conversa de minha namorada com a menina-tio que demonstram que estão marcando alguma coisa pra mais tarde. Sorrio e pego forte na bunda de minha namorada que está com um short apertado, passo pelos dois rapazes com quem estava conversando e eles nos seguem com os olhos. Tio é o seu cú.

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