04 novembro, 2014

o beijo


Então ela entrou no carro e o beijou. Não no rosto, que demonstraria o social do cumprimento entre duas pessoas que se encontram uma primeira vez e irão se conhecer para identificar algum tipo de empatia, que seria a realidade do momento. O beijo dado antes de qualquer palavra proferida, foi o de línguas entrelaçadas demonstrando claramente a carne prontamente cedida e não negociada.

Entrou nele ao mesmo tempo que no carro. O carro, como tudo nele (o apartamento, os queijos, o vinho, a cama e ele próprio) era preparado justamente para isso. Era tão acostumado com a impressão que causava nas mulheres que buscava que em nenhum momento temeu a recusa de sua investida imediata, sabia que no simples consentimento em sair com ele já estava implícito o acordo. Jamais passou pela sua cabeça que ela pudesse se ofender por uma demonstração tão grosseira de sexo sem antes nunca ter tido contato com a pessoa e, para sua sorte, ela demonstrou que não era diferente. Era pura e simplesmente aparência, não se importou no que muitas diriam ser considerada puta pelo desconhecido, justamente o contrário, assim agiu.