
Este brilho que no tempo que deveria ter sido não existiu me embriaga momentaneamente enquanto tento fugir um pouco do meu presente ainda vazio. Do fundo de minhas rugas pego o maravilhoso parto do meu filho, disseco aventuras infantis e retorno a amores passados.
Algumas das minhas vergonhas tento empurrar bem ao fundo mas, feito graveto em correnteza braba, afundam momentaneamente sempre voltando à tona. Meus óculos refletem nuvens que há muito já passaram, nublam minhas vistas com águas presentes de rios antigos.
Com a ponta do meu dedo sangro palavras na tábua da mesa que cede com o peso de minhas ruínas. Uma carta de felicidades simples e pensamentos complexos, tudo já apagado. Mas isso não me incomoda nem um pouco, sempre percebi a beleza da fugacidade.
Fecho a carta com uma língua de 100 anos de idade.
6 comentários:
queria ter escrito tudo isso. =~
Quem?
muito bom o texto!
abração
O tempo tem o dom de colocar brilho onde nunca teve e ofuscar a razão com lembranças pós-criadas.
Eu tb queria ter escrito algo assim. Deste jeito bonito.
Saudades de tu, companheiro. Parece ancestral, esta saudade. Pq sempre digo isso e ela não acaba! rs...
Beijo
um século é quase o infinito...
que texto!
SUAS PALAVRAS SINTETIZAM SENTIMENTOS QUE AFLORAM MUITOS CORAÇÕES..., É ISSO FAZ COM QUE VC SE TORNE ÚNICO POR POSSUIR ESCRITAS TÃO AMARGAS E AO MESMO TEMPO TÃO PERFEITAS!
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