09 janeiro, 2008

"Toda saudade é uma espécie de velhice"

Das coisas antigas e poeirentas desse meu passado, existem relíquias que ainda insisto em remexer. Relíquias banhadas por uma beleza irreal que só as coisas velhas, prestes ao esquecimento, possuem.

Este brilho que no tempo que deveria ter sido não existiu me embriaga momentaneamente enquanto tento fugir um pouco do meu presente ainda vazio. Do fundo de minhas rugas pego o maravilhoso parto do meu filho, disseco aventuras infantis e retorno a amores passados.

Algumas das minhas vergonhas tento empurrar bem ao fundo mas, feito graveto em correnteza braba, afundam momentaneamente sempre voltando à tona. Meus óculos refletem nuvens que há muito já passaram, nublam minhas vistas com águas presentes de rios antigos.

Com a ponta do meu dedo sangro palavras na tábua da mesa que cede com o peso de minhas ruínas. Uma carta de felicidades simples e pensamentos complexos, tudo já apagado. Mas isso não me incomoda nem um pouco, sempre percebi a beleza da fugacidade.

Fecho a carta com uma língua de 100 anos de idade.

6 comentários:

Anônimo disse...

queria ter escrito tudo isso. =~

forasteiro disse...

Quem?

Luiz Roberto Lins Almeida disse...

muito bom o texto!
abração

Loba disse...

O tempo tem o dom de colocar brilho onde nunca teve e ofuscar a razão com lembranças pós-criadas.
Eu tb queria ter escrito algo assim. Deste jeito bonito.
Saudades de tu, companheiro. Parece ancestral, esta saudade. Pq sempre digo isso e ela não acaba! rs...
Beijo

Poesiamovel disse...

um século é quase o infinito...

que texto!

Unknown disse...

SUAS PALAVRAS SINTETIZAM SENTIMENTOS QUE AFLORAM MUITOS CORAÇÕES..., É ISSO FAZ COM QUE VC SE TORNE ÚNICO POR POSSUIR ESCRITAS TÃO AMARGAS E AO MESMO TEMPO TÃO PERFEITAS!