06 abril, 2006

O tempo de uma lembrança

As lembrançs, aos poucos, vão se dissipando. Acompanham o esvaecer do teu cheiro no colchão, na toalha, nas minhas roupas e na minha pele.
Teus cabelos pelo chão são levados pelo vento que o tempo empurra impertinente pelo quarto. O resto de nossa última pizza comida no chão da sala apodrece na geladeira.
Os objetos que denunciam tua presença são, dolorosamente, colocados em seus lugares. O violão foi encapado, teus grampos de cabelo, antes espalhados por toda casa, foram agrupados e serão esquecidos na gaveteira. Teus telefonemas e mensagens na memória do celular são substituídos, pouco a pouco, por outros.

Mesmo assim, teus risos e gemidos ainda ecoam em mim. Teu sorriso de acanhamento ao me ver extasiado contemplando teu secar gracioso e peculiar de tuas longas pernas ainda resistem na penumbra do meu banheiro.

Mas as manchas no lençol, o qual me recuso a lavar, que pintamos com a mistura de nossos fluídos quando ainda explodíamos em gozos invejáveis, permanecerá. Pelo menos até o momento em que desistirei de esperar a tua volta.


"Cook me in your breakfast
And put me on your plate
'Cause you know I taste great"
Devendra

4 comentários:

Unknown disse...

q blogger legal... continue assim.
abraços,
vinicius

Anônimo disse...

É... há um tempo das lembranças que é tb tempo da esperança. Tempo em que nos agarramos em fios de cabelo como se fossem salva-vida!
Seus textos são belos. E sempre me dão vontade de continuar lendo... e às vezes, a vontade é continuá-los...rs...
Beijocas

Luiz Roberto Lins Almeida disse...

Cara, esse foi triste! Mas, para variar, gostei da mistura de elementos - tristeza com gozo.
Faz falta não ler esse blog.

Anônimo disse...

Nada como o tempo para dissipar lembranças. Cheiros, cabelos, objetos, restos... tudo acaba encontrando um lugar onde acabarão esquecidos. Apenas a memória permanece. Um sorriso, um gemido, uma explosão em gozo invejável. Essa cicatriz é mais difícil de substituir.

Abraços,