17 setembro, 2006

No fundo seguro de uma caixa escura, enterro tuas fotos.


Aline estava sentada no chão de seu apartamento. Sentia um desconforto estranho enquanto guardava as fotos. Nunca tinha tido o costume de bater fotos, e as poucas que tinha deixava protegidas e escondidas no fundo de escuras caixas. Nunca as espalhava pela casa, nunca sentiu necessidade de viver do passado, que é o que as fotos representavam para ela.

Mas há um tempo atrás algo aconteceu, ela mudou. Apareceu uma pessoa cuja presença queria constante. Nesse tempo sentiu vontade de fazer uma espécie de altar, queria se sentir acompanhada mesmo quando estava só. Pendurou fotos pela casa inteira, queria cada pedaço daquela vivência registrada, inundando aquele pedaço que sempre fora só seu.


Infelizmente a atitude não foi recíproca. Para o outro a presença não se fez tão constante e, pouco a pouco, se esqueceu de Aline.

Agora enquanto guarda as fotos sente uma dorzinha incômoda no peito. Olha demoradamente cada foto em uma despedida solene, tenta separar os sentimentos que as acompanham. Percebe que, conforme as deposita no fundo da caixa, vai voltando a antiga vida. Não gosta disso mas não tem opção.


Então Aline olha para as paredes nuas e percebe que nunca mais pendurará fotos nelas.

5 comentários:

Anônimo disse...

eu merecia o lixo.

forasteiro disse...

Clara, meus textos não são mais sobre você. Posso até utilizar alguma experiência decorrente do que tivemos, aliás não tenho muito como fugir disso. São só textos, nada pessoal. Seja feliz com o Spaghetti, se concentra nele agora.

forasteiro disse...

Aliás a caixa escura pode ser o lixo...
;)

Anônimo disse...

Que tristeza. Eu realmente achei que vcs dois não teriam fim ou, se tivessem, seria mais digno. Nunca imaginei traição. Pena.

Anônimo disse...

é... tristeza não é estetico. não mesmo. apesar das coisas darem errado de forma homerica.. foda. foda.