
E por isso senhores, aqui estou. Naquele momento percebi que apenas alcançaria a indiferença daquele anjo que me deu a graça de, pelo menos por um instante, o contemplar. E por toda minha existência nessa terra maldita, dessa vida e todas as outras que por acaso existirem, me lembrarei daqueles pequenos segundos em que aqueles olhos cruzaram com os meus.
Desculpe o embargar de voz senhores. Teria alguém um lenço? Obrigado.
Cada vez que eu me lembro daqueles olhos azuis imaculados olhando para os meus, que são cheios de pecado e veneno, me dá vontade de chorar. Seu lenço senhora. Novamente muito obrigado.
Mas não pensem que eu fui profano de todo. Não senhores. Não mantive meu olhar. Fixei-os apenas o tempo suficiente para mirar, depois desci-os ao chão e pressionei o gatilho. E, como sabem, não errei. Não senhores, sou bom demais nisso.
Enfim senhores, carrego comigo algo dela que ninguém mais poderá carregar. Nisso ela é só minha e assim será eternamente. E nenhuma sentença que vocês me derem, Juiz Maldito e miseráveis ignorantes (pois jamais fitaram aquele par de olhos) membros do juri, irá diminuir a graça que recebi de ter sido por ela percebido e assim tomando parte importante em sua vida, mesmo que sendo por sua morte.
6 comentários:
Ficou muito bom. Gostei muito.
eu tb gostei muito.
Igor, não gosto de me intrometer... só observo, mas achei muito lindo tudo isso, e de como você está agora; e tenho outro, veja:
Meu Manifesto
Protesto veementemente
contra nosso amor pendente
na corda-bamba da vida.
Rejeito a saudade escondida
no bolsinho de trás do coração.
Não abro mão da ternura
se cai do teto,
se a sala é escura,
se o caminho que era reto ficou torto.
Se o gato mia ou finge-se de morto.
E repudio o lamento que cai na sopa
a cada despedida a queima-roupa,
que acaba perdendo-se no vento.
Mas, sobretudo,
exijo um tapete de veludo
para os passos que eu ainda quero dar.
Se você não se julgar capacitado,
esqueça a cena do beijo apaixonado
devolva o tema,
desligue o som.
De tudo que foi bom, eu guardo o espanto
por tê-lo achado e me perdido tanto,
por ter fundido meu tempo em sua hora.
Acertadas assim as diferenças,
Guarda-se o sonho no canto da despensa,
escreve-se um adeus - e vai-se embora.
Há um puro desabafar do que te aprisiona - um desejo? talvez, talvez mais.
gostei dos labels!
o texto ficou visceral, gostei do contraste entre os olhos azuis e o vermelho dos venenos.
o texto está do cacete mesmo!
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