Um dia amargo o conduziu aquele bar. O céu pesado com uma garoa
intermitente o levou ao refúgio da última mesa que oferecia alguma
proteção contra o tempo e a multidão. Sentou sozinho. Pediu uma
cerveja forte para combinar com aquele dia, um litro de uma vez para
não ter que aturar a desatenção do garçom. Sorveu grandes goles,
sofrego por uma rápida ebriedade. Com esquivas olhadelas às pessoas
em sua volta, identificava alguns rostos conhecidos e uma ou outra
fisionomia mais interessante, porém voltava-se sempre ao caderno.
Queria gastar a tinta da caneta, encher folhas e esvaziar a cabeça.
Conversas acaloradas sobre política e outras mais amenas sobre projetos em andamento e seus conflitos laborais eram percebidas o meio da balburdia geral. Alguém afinando um violão dava a estranha impressão que tudo não passava de um tipo de música descompassada.
Embalado pela estranha canção lembrou de amores passados cuja história compartilhava o mesmo ambiente. Lembrou de alguns queijos finos apodrecendo na geladeira e duas garrafas de vinho que o conduziam à melancolia da mesma pessoa. Um corpo esguio vestido de preto, olhos verdes felinos, cabelo loiro e um comprido pescoço agora o assombravam. Sem propósito nenhum além do tormento, pois não tinha mais direito de pensar nela, já que o isolamento havia sido decisão sua. Sofre sem direito, padece por sua inventada doença.
Pediu a conta e foi-se embora se masturbar à fraca luz de seu apartamento, escondido por uma forte autocomiseração. Tudo era, afinal, o preço pago pela sua cruel necessidade da utópica independência.
Mas, no caminho pra casa, percebeu na língua um gosto doce da noite.
Conversas acaloradas sobre política e outras mais amenas sobre projetos em andamento e seus conflitos laborais eram percebidas o meio da balburdia geral. Alguém afinando um violão dava a estranha impressão que tudo não passava de um tipo de música descompassada.
Embalado pela estranha canção lembrou de amores passados cuja história compartilhava o mesmo ambiente. Lembrou de alguns queijos finos apodrecendo na geladeira e duas garrafas de vinho que o conduziam à melancolia da mesma pessoa. Um corpo esguio vestido de preto, olhos verdes felinos, cabelo loiro e um comprido pescoço agora o assombravam. Sem propósito nenhum além do tormento, pois não tinha mais direito de pensar nela, já que o isolamento havia sido decisão sua. Sofre sem direito, padece por sua inventada doença.
Pediu a conta e foi-se embora se masturbar à fraca luz de seu apartamento, escondido por uma forte autocomiseração. Tudo era, afinal, o preço pago pela sua cruel necessidade da utópica independência.
Mas, no caminho pra casa, percebeu na língua um gosto doce da noite.
2 comentários:
Pois homem (?) algum deveria ter o direito de, sequer, pensar em uma mulher depois de ter tido a covardia de agredi-la fisicamente.
A noite pintada pelo gula da cerveja de quem não queria passar pela desatenção do garçom no início da noite. Mas será que Ela não algo mais forte na vida deste personagem ou essa doença é realmente algo real para se livrar desta coadjuvante que não faz mais sentido neste protagonista. Gostei dos "dois litrão", gostei dos maços, gostei dos vinhos e dos queijos, gostei...
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