O escroto sai do puteiro batendo a porta e vestindo a camisa com raiva. Entredentes esbraveja:
- Quem essa puta pensa que é pra vir me falar de amor? É usada por homens ha tanto tempo que confunde carência com amor. Bom, talvez seja mesmo. Só sei que amor é uma merda, não vale a pena. É tão necessário quanto uma dor de dente. Quem fala o contrário é pra se iludir, pra tentar não ver o tempo que se perde com ele. É só sofrimento. Sofre-se enquanto ama porque tem medo de perder, e sofre de autopiedade e raiva depois que se toma um pé na bunda. É uma porra de um sofrimento desgraçado. Essa coisa é pra masoquistas e eu não levo jeito pra isso.
O escroto continua pisando firme. Atravessa a noite gelada vermelho de raiva. Cruza os becos molhados de sereno entre latidos dos cachorros irritados.
- Aquela vaca. Eu já disse pra ela que eu não amo nada e ninguém. Disse isso todas as noites que fui procurá-la. Aliás todos as noites desses últimos 6 anos. Gastei todo meu dinheiro com a vagabunda, até que, finalmente, desistiu de me cobrar. O saco é ter que esperar o fim do expediente, mas eu fico lá, nem que seja só para dar uma foda e dizer que eu não a amo. Daí ela chora e eu vou embora. É sempre assim. Amanhã eu volto, agora ela vai chorar até dormir. Essa piranha não sabe nada sobre o amor.
"O amor é um palito de fósforo chapinhando em um mictório de um banheiro sujo"
"Às vezes eu quero chorar
Mas o dia nasce e eu esqueço.
Meus olhos se escondem
Onde explodem paixões
E tudo que eu posso te dar
É solidão com vista p'ro mar
Ou outra coisa p'rá lembrar"
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