09 dezembro, 2005

8 de dezembro de 2005 (como deveria ser)


Ela estranhava o próprio nervosismo, era acostumada a falar em público. Sentia um pequeno e incômodo nó na garganta e o suor das mãos que externava essa sensação atípica. Afinal era uma banca importante, o trabalho de um ano inteiro seria avaliado em minúcias. A preocupação não vinha da possibilidade de ser aprovada ou não, disso ela não tinha dúvidas. Como tudo em sua vida, ela tinha que impressionar, se surpreender. O que acharíam também não contava muito, ela possuía critérios próprios extremamente rigorosos, sua apresentação tinha que ser a melhor, pelo menos para ela.

No mesmo instante ele chegava ao aeroporto. Quase abandonou a bagagem para pegá-la depois, não poderia demorar ou perderia a apresentação. Toma um taxi as pressas e paga a mais para tentar chegar a tempo. O taxista esboça um sorriso de satisfação ante o pedido e voa.

No auditório todos já estão presentes, a família dela, dele, os amigos. Ela ainda alimenta uma pequena esperança, apesar de já saber que não vai ser possível. Então ele chega. Abre a porta esbaforido, preocupado que a apresentação tão esperada já tivesse começado, não queria perder nada. A banca, tão rigorosa em seus horários, abriu uma exceção para a linda cena que ocorreu. A saudade foi espremida dentro do abraço louco e tomada em um beijo sôfrego. O mundo parou por uns segundos em respeito.

Acordaram juntos, porem suas camas distavam 1.500 km. Ela ainda alimentou a esperança do sonho por mais tempo dirigindo-se a apresentação. Ele sentou na cama e chorou antes de ir trabalhar.

Obs. Ela arrasou na apresentação. A banca chorou. Parabéns princesa, botou pra foder.

Um comentário:

Luiz Roberto Lins Almeida disse...

Surreal.
Passei um tempão sem vir por aqui, mas sei o cagaço que dá ter de apresentar a mono.
Pena que perdi.