26 maio, 2006

Crash

Não sou de escrever sobre filmes ou músicas, não sei muito o porque. Talvez por ter me tornado ranzinza antes do tempo e não gostar de nada. Só sei que meu gosto não serve de referência, é algo de ácido e bizarro. Talvez seja também por que eu não sei o porque eu gosto ou não de algo, simplesmente gosto e pronto. Não tenho a arte da Clara que tem uma postura definida com relação a tudo, mudo muito meus gostos em pouco tempo. De qualquer forma me predispus a comentar um filme que eu gostei.

Assisti o filme cheio de preconceitos. A prepotência de ser homônimo a um filme antigo que gosto muito me irritou. Mas o filme justamente trata disso, de preconceitos.
O que me impressionou foi a falta de maniqueísmo do filme, algo que não me lembro de ter visto antes, postura esta, que o começo do filme disfarça. Já esperava assistir um filme cheio de rotulações e dramático sobre os coitadinhos do bem e os bandidos malvados, mas me surpreendi. Ele mostra, de uma bela e intensa maneira, como todos somos preconceituosos e assumimos posturas bem diferentes de acordo com a situação. Nenhum dos personagens é óbvio, cada um mostra ser capaz de ser odioso ou maravilhoso igualmente ao outro a que odeia, e isso é de uma honestidade inesperada vindo de algo fora dos livros. Esse lado obscuro existente em todo ser humano, tão bem retratado por Dostoievski (e por isso que eu o adoro) é que faz esse filme tão interessante.

2 comentários:

Luiz Roberto Lins Almeida disse...

Cara, assisti ao filme essa semana tbm. Gostei mto, até poderia ter escrito sobre ele, mas vc mandou mto bem.
Aliás, pode continuar a dar dicas. Essa foi excelente!

Poesiamovel disse...

Andava por aqui eras atrás (qdo mantinha o unthinkable) e agora reencontrei em novo endereço tb. Retorno justo em Crash, das coisas mais lindas e perturbadoras q vi ultimamente.