22 maio, 2006

Sangrado Coração


Notou imediatamente a fraqueza do orgão em sua presença. Nesta atípica situação tateou o dito cujo com sua mãos finas. Moldava-o ao seu bel prazer. Futucou, futucou até que o músculo, numa desistência voluntária, cedeu vazando. Qual represa segurando a pressão de um imenso rio que ao menor furo impele suas águas à passar toda ao mesmo tempo pelo mínimo orifício conduzindo-a a almejada liberdade, jorrou o sangue com a força de sentimentos represados e inpensados.

Mas ela não era má, riu do inesperado da situação como uma de suas artes que era acostumada na infância, suavemente acariciou o órgão procurando a ferida e com o seu dedo preencheu o furo mortal lá permanecendo. Desse dia em diante qualquer ausência, pelo mínimo de tempo, deixa o vão aberto e entrega o pobre coração à morte exangue.

"I want to be a good woman
And I want, for you to be a good man.
This is why I will be leaving
And this is why, I can’t see you no more.
I will miss your heart so tender
And I will love
This love forever
"

(Cat power)

3 comentários:

Luiz Roberto Lins Almeida disse...

existe um duplo sentido? pelo menos eu o li como se estivesse aí presente o tempo todo...
Visceral!

PS.: vi seu comentário sobre Frida, já o esperava. em parte, estou de acordo.

Anônimo disse...

O texto inteiro é uma perfeita metáfora! E como tal, deixa livre a imaginação. Eu a preencho com paixão!
Parabéns, outra vez. Seus textos instigam e inspiram. Literatura é isso!
Beijocas

Luiz Roberto Lins Almeida disse...

peraí, esse texto já não tinha sido publicado no seu outro blog?