25 maio, 2006

Comendo o passado nas linhas que deixaste de rastro

Como se já não bastasse pensar em ti o dia todo, eu te vejo. Teus retratos não se resignam em ficar espalhados pela casa e na tela do computador, me acompanham pela rua, pelo trabalho, violentando minha pobre retina que já está cansada de tentar te ver em outras putas.
Como se já não bastasse te ver o dia todo, eu te leio. Me pego remexendo bites antigos dessa história. Meus dedos olhos e alma imerso nestas emoções que me fodem.
Revejo palavras que alfinetam e frases que acariciam. Visito alguns coadjuvantes valentes e os muitos rivais, muito mais numerosos e belicosos. Ah, quantos rivais.
Feliz me vejo dentro dessa história que fere. Fere pela intensidade, fere pela beleza, fere pelas interrupções, pelas intromissões, pelos não convidados, pelas traições.
Me perco nas linhas que se alteram conforme nossa vida se desenrolava. Ódio e amor tão entrelaçados. Ciúme e confiança numa dança de seduções e aprendizado.

Eras tão deprimida, criança. Eu era tão confiante, babaca.

Nós mudamos.

Nunca estiveste tão longe do suicídio, já eu nunca tão perto.

"Oh, pedaço de mim
Oh, metade arrancada de mim
Leva o vulto teu
Que a saudade é o revés de um parto
A saudade é arrumar o quarto
Do filho que já morreu"

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