
Desconheço-os agora, distantes que estão.
Os lugares que os sustentam, cujo privilégio invejo, estão diferentes. Lugares que apesar de ainda serem os mesmos, diferem por já não ecoarem os teus nos meus que, melancólicos, tentavam acompanhá-los em firmeza e beleza.
Daqui, apenas tenho a certeza que atrairás outros vários, circundantes, suplicantes, sufocantes, intromissivos, agressivos, apaixonados, delirantes, cativantes e só posso me resignar em ter a esperança de que não sejam apaixonantes.
Passos tão livres agora, tantos os teus quantos os meus, tão livres quanto sem graça. Passos que pisam em meu coração doente, que briga com minha razão sadia, que grita mas não impera, e deixa o dito coração querer amarrá-los.
Fico então sentado, tiro solenemente meus pés do chão, apuro o ouvido e choro desesperado.
Não adianta, daqui não ouço mais teus passos.
"Me esqueça sim
Pra não sofrer
Pra não chorar
Pra não sentir"
3 comentários:
Não ouvir mais os passos não seria um sinal de cura? Porque a saudade recria com torturante veracidade o que nos falta, né?
Outro texto maravilhoso!
Beijocas
caracoles. esse tá muito bonito. do fundão da alma, ou da sola dos pés.
Não poder mais ouvir os passos, mas ficar imaginando o que eles podem estar provocando por aí, talvez seja um martírio pior do que ouví-los e sabê-los logo alí. ao nosso alcance.
Abraços.
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